O dia estava bem mais quente que o normal, batendo recorde de

temperatura.

 

Tinha os pés na grama, mas a cabeça estava longe. Houve muitas mudanças nos últimos anos, umas boas, outras nem tanto.

 

Não era mais a mesma pessoa de quando tinha 16 anos, o inverno da adolescência passou. Muita coisa acabou ficando para trás, e muitas

surpresas surgiram.

 

Os sonhos que nunca sonhara se realizaram. A solidão da vida adulta ficou por poucos dias, a cidadezinha deu espaço para a capital.

Muitos prédios e muitos sonhos com nome e sobrenome que agora

chamavam de amigos. Mas nem tudo acontece como se espera. O

destino é engraçado, revisita coisas para compensar a solidão da vida

adulta. E, antes de dormir, nos faz dar risada de tudo.

 

Tinha um pouco de barulho onde estava, mas seu coração estava

gritando. Queria gritar as belezas que encontrara, fazer a calmaria que seu corpo estava dando para o outro, queria ser colo. Queria tirar a dor daquele com a mão, e num impulso trazê-la para si. Sabia que havia ainda muitas dificuldades para realizar esse feito, muitos quilômetros a percorrer. Sabia que sempre com o mais viria o menos, estava ciente de que precisava passar por coisas de que não gostava

para salvar o futuro.E sempre foi assim.

 

 

Afinal, odiava a primavera, mas amava as borboletas.